Palavra Pastoral
O Cristão e Sua Cruz
Estamos vivendo numa época nunca vista na história. Afirmo isto em relação ao tipo de evangelho que está sendo pregado atualmente, o que chamamos de pregações triunfalistas.
Observo os crentes atuais e os vejo na sua maioria como se fossem super-heróis, chegam até na maior parte das vezes não se parecerem com humanos comuns. Parecem não serem pessoas de carne e osso, com intelecto, sentimentos, emoções, etc.
Os vejo dizendo: É só vitória! É só bênção! Só milagre! Só poder! Muito poder! Até os hinos atuais estão continuamente relevando esse tema e tais motivações. É óbvio, todavia, que não estou tentando fazer de forma alguma uma apologia as derrotas e fracassos na vida do cristão, e nem muito menos que o cristão deve viver uma vida de contínuo sofrimento como se Deus fosse masoquista. Porém, estou muito preocupado com esse “evangelho” sem cruz, sem ser, sem vida e sem os pés no chão da realidade.
Ora, quando observo o que contido está no evangelho segundo escreveu Marcos, capítulo 9 e verso 34, compreendo uma realidade bem diferente do que a inconcebível ainda por alguns, aqueles que vivem nas filas de campanhas em busca da prosperidade.
Jesus disse assim: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.
Pergunto: O que seria levar a cruz?
Para mim, isto significa:
1º. Levar-nos a nós mesmos. Ou seja, embora eu esteja com Cristo, eu continuo sendo gente. Gente que senti, gente que sofre, que tem anseios, necessidades, que se decepciona etc.;
Gente que apesar de crente, mas que ainda continua pisando nessa terra como um simples mortal. Portanto, para onde vou me carrego, carrego comigo um corpo caído e susceptível ao fracasso, todavia, como agora vivo por fé, crucifico minha carne para que o morrer diário em Cristo me dê forças para carregar minha própria cruz – Eu;
2º. Levar a cruz é saber que diariamente estou indo em direção ao calvário. Passo a passo. Passos cansados, porém confiantes; passos temerosos, porém cheios de fé e que me fazem prosseguir a cada momento da caminhada confiante do triunfo final;
3º. Levar a cruz é saber que como gente, vou caminhando a cada dia levando minha própria cruz, contemplando aplausos e criticas; honras e calunias, lagrimas e sorrisos, beijos, abraços, sinceros e in-sinceros;
4º. Levar a cruz é saber que mesmo na hora da agonia e do silêncio de Deus, Ele estará do meu lado dizendo: “Filho, vá mais um pouco, até o calvário! É lá onde o véu “será” rasgado; é lá onde terás o passaporte para as mansões celestiais, onde me verás face-a-face; vá mais um pouco, pois os céus te aguardam e a coroa da vida te espera”;
5º. Enfim, levar a cruz é saber que estarei priorizando o evangelho de Cristo em minha vida. Pisando no chão das incertezas humanas, contudo, confiando pela fé que o Filho do Homem, não se envergonhará de mim quando o toque da ultima trombeta soar, e que o meu nome estará confirmado no livro da vida do cordeiro de Deus.
Portanto, concluindo com um simples resumo, apenas afirmo que ser cristão autêntico é está convicto de que a cada dia para nós o levar a cruz é ter o viver em Cristo e saber que a cada dia o morrer é lucro pela causa do evangelho de Jesus.
Fortaleza, 28 de junho de 2007
Pb. Mário Eugênio